quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lula e o preconceito dos poderosos




“A doença pior que existe na humanidade é o preconceito. E eu sei quanto preconceito eu fui vítima neste país. Hoje eu brinco com o preconceito, hoje eu falo “menas laranja” e as pessoas acham engraçado. Mas, quando falava em 89, eu era uma narfa. Porque a ignorância dos que me achavam narfa, era de confundir a inteligência com o conhecimento e o aprendizado no banco da escolaridade. A ignorância... A ignorância de algumas pessoas que achavam que só tinha valor aquilo que vinha de fora. É Americano é maravilhoso; é Europeu é extraordinário; é Chinês é fantástico; é Japonês é “num sei lá o que”... E se comportavam como se fossem cidadãos de segunda classe ou verdadeiro vira-lata, que não se respeitavam ou que não tinham alto estima por si mesmo. Ahhh!!! Quantas vezes me disseram... Eu lembro Zeca como se fosse hoje, uma vez eu estava almoçando na Folha de são Paulo e o diretor da Folha de são Paulo perguntou para mim: Escuta aqui “ô” candidato o Sr. fala inglês? Eu falei: Não. Como é que você quer governar o Brasil se você não fala inglês? Eu falei: Mais eu vou arrumar um tradutor. Mas assim não é possível, não é possível o Brasil só tem um presidente que fala inglês. E eu perguntei pra ele: Alguém já perguntou se o Bill Clinton fala português. Não, mas eles achavam, eles achavam que o Bill Clinton não tinha obrigação de falar português era eu o subalterno o pais colonizado que tinha que falar inglês e não ele falar português! Teve uma hora Zeca, que eu me senti chatiado e levantei da mesa e falei: Eu não vim aqui para dar entrevista eu vim pra almoçar se isso é uma entrevista eu vou embora e levantei, larguei o almoço, peguei o elevador e fui embora. Vou terminar o meu mandato Zeca sem precisar ter almoçado em nem um jornal, em nem uma televisão. Vou termina o meu mandato, também nunca faltei com respeito com nem um deles, já faltaram com respeito comigo e vocês sabem o que já fizeram comigo se dependesse de determinados meios de comunicação eu teria 0 na pesquisa e não 80% de bom e ótimo como nós temos nessa país. Eu companheiros e companheiras sou um homem que agradeço a Deus pela generosidade que ele teve comigo e a agradeço a vocês, porque um dia vocês tiveram a mesma consciência que a maioria negra da África do Sul teve ao eleger o negro que representava 26 milhões de pessoas que eram dominados por 6 milhões de brancos, vocês um dia tiveram a mesma consciência que os negros da África do Sul, que elegeram Mandela para presidente da república daquele país, depois de 27 anos de cadeia. Vocês tiveram a consciência de eleger um metalúrgico que tinha perdido muita eleições por ser igual à maioria do povo e o povo não acreditava que fosse capaz de dar a volta por cima, o povo não acreditava porque nós aprendemos a vida inteira que nós éramos seres inferiores, que pra governar esse país tinha que ser usineiro, tinha que ser fazendeiro, tinha quer advogado, tinha que ser empresário, tinha que ser doutor e mais doutor. Burro igual à gente não poderia governar o país, nós não sabemos governar, muito menos o coitado de um bancário; se coloca no seu lugar bancário porque este país é pra ser governado por banqueiro e não por bancário; se coloca no seu lugar mulher, porque este pais é pra ser governado por homem e não por mulher; se coloca no seu lugar metalúrgico porque esse mundo não é pra ser governado por aqueles que moram no andar de baixo, mais por aqueles que moram no andar de cima é assim que a escola ensinou, é assim que a sociologia ensinou, é assim que nos ensinaram a vida inteira. Até que um dia eu lendo um poema do Vinício de Moraes “Um operário em construção”, eu aprendi que um operário poderia dizer não e quando ele disse não a lógica perversa que estava montada neste país... É verdade que eu perdi 3 eleições, mas é verdade que eu já ganhei duas eleições seguidas e vamos ganhar a 3ª eleição com essa companheira mulher presidente da república!!!”

Luis Inácio Lula da Silva, presidente da República.

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